Paternidade é mais que gerar um filho, é deixar um legado



12 agosto, 2016


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Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Fases da paternidade: um legado para cada etapa da vida dos filhos

Muitos de nós homens, quando pequenos, sonhávamos ser alguém que fizesse a diferença no mundo. Alguns queriam se destacar por meio de uma profissão. Quem não quis ser bombeiro, policial, salva-vidas, médico ou jogador de futebol para ganhar a Copa do Mundo e fazer a felicidade do nosso país? Há também aqueles que viam a oportunidade de melhorar tudo se adquirissem superpoderes, querendo ser como Superman, Batman, Homem de Ferro, Flash, Homem-Aranha, Volverine e outros.

O tempo passou, crescemos e, no mundo real, sobraram muito pouco daqueles sonhos e idealismos. A maioria de nós vive entre o trabalho e a casa, o supermercado e a padaria, e, quem sabe, uma caminhada no parque de vez em quando.

 

O que resta para o homem poder se realizar?

Na Teologia do Corpo, catequese nº 21,  São João Paulo II explica: “Assim, também se revela, profundamente, o mistério da masculinidade do homem, isto é, o significado gerador e paterno do seu corpo”. Na nota de rodapé desse texto lemos: “Adão gerou um filho à sua imagem e semelhança (Gn 5,3) relaciona-se explicitamente com a narrativa da criação do homem (Gn 1,27; 5,1) e parece atribuir ao pai terrestre a participação na obra divina de transmitir a vida, e talvez mesmo naquela alegria presente na afirmação: ‘Deus, vendo toda a Sua obra, considerou-a muito boa’ (Gn 1, 31)”.

É na paternidade que se revela a profundidade do ser masculino, é participando da criação que o homem se realiza por aderir à alegria do próprio Deus. Na paternidade, o homem tem a chance de preencher aquele anseio que, desde a infância, o incita a ser grande.

Com certeza, a paternidade não acontece somente na geração de uma nova vida, mas em toda formação desse outro ser humano. A cada fase da criança, há uma nova oportunidade de o pai se reinventar enquanto tutor e melhorar como ser humano.

Vejamos, então, o que o pai pode ser para o filho em cada fase do seu desenvolvimento e que legado pode deixar como genitor.

Ser o melhor amigo

Desde quando a criança começar a engatinhar, até por volta dos três anos, o pai será seu melhor amigo.

Não que a mãe não seja a melhor amiga, mas as relações do filho com o pai, e do filho com a mãe são diferentes. O pai representará a aventura e a quebra da rotina.

Afinal, somos nós que geralmente colocamos os pequenos nos lugares mais altos, que os viramos de ponta cabeça e gostamos de vê-los rir por sensações emocionantes que podemos proporcionar, provavelmente deixando a mãe de cabelos em pé.

Se você fizer essas coisas, com certeza seu filho ou filha vai lembrar de você constantemente durante o dia e correrá em seus braços toda vez que você chegar em casa.

Você estará plantando o amor no coração do rebento, fazendo com que ele o ame. No futuro, ele irá respeitá-lo, principalmente por causa desse amor.

Deixamos aqui um legado de amor.

Pai como herói

Mais ou menos dos três aos nove anos, ele ou ela o admirará em praticamente tudo o que você fizer, desde sua força física, até mínimas situações em que você “sair por cima”, sejam elas lícitas ou ilícitas, morais ou imorais. Qualquer situação em que você “cantar vitória”, seu filho verá como vantagem, apreciará ainda mais a sua pessoa e irá contar para todos os amiguinhos sobre os grandes feitos do pai.

E não será só uma admiração como com outra pessoa qualquer, você será talvez a pessoa que ele mais admirará neste mundo. Você será o grande herói dele. Portanto, demonstre sempre nobreza, bondade, amor, honestidade e misericórdia.

Nesta fase, é muito importante o pai plasmar esses valores no coração do filho. Será neste tempo da vida dele que se formará o caráter por meio de bons exemplos. Se algum dia ele se desviar, uma hora lembrará de sua retidão e isso servirá de base, e diga-se de passagem, será a maior referência para ele cair em si.

Aqui fica o legado da referência.

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Ser um pai careta ou quadrado

Há um tempo na vida do filho em que ele precisa romper os laços, que compreende mais ou menos dos dez anos até os dezesseis ou dezessete, na pré-adolescência e adolescência.

Não é nenhum problema com você ou com a família, mas uma fase natural do desenvolvimento que o adolescente precisa viver, é uma fase da construção da própria personalidade, de reconhecimento de si e de aceitação social. Daí, a rebeldia comum nesta etapa.

Ele achará que você não sabe de nada, que é “careta”, que suas experiências e conselhos são de outra era, ultrapassados, e já não servem mais para ele nos tempos atuais.

O importante é você estar por perto. Mesmo que ele ache que sabe se virar sozinho, ainda vai precisar que você seja um porto seguro, alguém que reforce os limites e que ele possa contar e retomar se preciso.

Nesta fase, fica o legado da segurança.

Provedor

Início da juventude, por volta dos dezoito anos, até quem sabe os vinte e cinco anos ou mais um pouco. O pai será o provedor, o “cara” que paga as contas ou, ao menos, que salva na hora do aperto – se ele já estiver trabalhando – , que banca a faculdade, empresta o carro e uma “graninha” para sair com a namorada ou para aquele passeio com os amigos; em resumo, o pai será aquele que pode financiar isso ou aquilo.

Isso não é negativo e não quer dizer que não seja uma forma de amizade. A fase da adolescência passou e a amizade foi restabelecida. Mas as necessidades dele agora são mais dispendiosas e requerem mais responsabilidades. Você está lidando com um “quase adulto”, é a estrutura, o alicerce da vida dele que está se formando e ele precisa, sim, de ajuda.

Aproveite para não somente “dar o peixe, mas ensinar a pescar”, não seja só provedor, queira ser mentor, mas respeitando as escolhas dele. Estimule, dê responsabilidades, fale de sua experiência profissional, ensine sobre planejamento e metas.

Temos aqui uma ótima oportunidade de firmar um legado de profissionalismo, responsabilidade, idoneidade e equilíbrio.

Sábio

Para o jovem adulto – uns já assumem antes dos trinta anos – até o fim da vida do genitor. Quando o adulto assume um cargo de destaque no trabalho ou negócio próprio, casamento, filhos, compra da casa própria, o pai será o sábio, aquele que ele pode sempre pedir conselhos. A experiência de vida do ser paterno será primordial.

Ele vai querer saber sua opinião, sua visão (não em como funciona o mercado ou um processo de produção nos dias atuais, porque ele saberá dessas coisas mais do que você), em: o que esperar das pessoas, no trato com gente, nas dinâmicas das relações humanas e, principalmente, sua intuição a tudo.

Será uma ótima oportunidade de passar virtudes como paciência, aceitação, misericórdia, quando agir pelo coração ou quando decidir por ser mais racional. Principalmente, fazer refletir sobre as coisas que realmente têm significado nesta vida, ao que vale a pena se doar por inteiro.

O pai deixa agora um legado de sabedoria.

O importante é ser presença

Na verdade, um pai tem a oportunidade de ensinar tudo isso a vida inteira, mas cada uma das fases de desenvolvimento dos filhos proporciona que eles os vivam da melhor forma. Não basta querermos ensinar valores, é preciso que o outro esteja preparado para absorver e experienciar tais princípios.

Contudo, se notarmos bem, em todas as fases, o importante é que o pai seja sempre presença e dê seu amor.

Feliz Dia dos Pais!

Sandro Arquejada

 

Sandro Aparecido Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em administração de empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente trabalha no setor de Novas Tecnologias da TV Canção Nova. É autor do livro “Maria, humana como nós” e “As cinco fases do namoro”. Também é colunista do Portal Canção Nova, além de escrever para algumas mídias seculares.

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