Adultério virtual: quando a internet se torna um perigo no relacionamento



22 junho, 2017


A internet tornou-se uma ferramenta fácil para proliferar o sexo virtual e o adultério de coração

Adultério significa infidelidade conjugal. Quando dois parceiros, dos quais ao menos um é casado, estabelecem entre si uma relação sexual, mesmo efêmera, cometem adultério. O sexto mandamento e o Novo Testamento proíbem absolutamente o adultério. Os profetas denunciam sua gravidade. Veem no adultério a figura do pecado de idolatria.

O Catecismo da Igreja ensina

“O adultério é uma injustiça. Quem o comete falta com seus compromissos. Fere o sinal da aliança, que é o vínculo matrimonial; lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, violando o contrato que o fundamenta. Compromete o bem da geração humana e dos filhos, que têm necessidade da união estável dos pais. (n. 2381).

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

No Sermão da Montanha, Jesus deixou claro que o adultério cometido por uma pessoa não é somente a realização de um ato sexual com outra pessoa, que não é seu cônjuge. É mais do que isso. Ele condena o adultério de desejo: “Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt 5,27).

A gravidade desse ato está no utilitarismo sexual, que resulta no hedonismo e no pecado da concupiscência, que transforma a outra pessoa num objeto de prazer. O adultério de desejo revela um fato no interior da pessoa, ou seja, é desejá-la não como o fim de suas intenções, mas como meio. O adultério no coração acontece, porque a pessoa decidiu interiormente utilizar o outro para sua satisfação egoísta.

Avanço tecnológico

A internet tornou-se uma ferramenta fácil para proliferar o sexo virtual e o adultério de coração. Isso começou pelo uso do telefone há bastante tempo; algumas agências até se especializaram em oferecer esse tipo de atividade com moças e rapazes de programa, contratados para isso. Foram os famosos “teles”: telefantasia, tele-erótico, telessexy, telegay… Enfim, telepecado.

A internet superou tudo isso! Primeiro, por causa da privacidade, comodidade e forma anônima com que oferece a fantasia; segundo, porque quase sempre é “gratuita”. A luxúria está globalizada pela internet. Explora-se comercialmente aquilo que é imoral, que atenta contra a dignidade do ser humano, transformando-o em um meio de prazer e lucro.

Assista:

 

Tenho recebido e-mails de esposas que se desesperam quando pegam seus maridos vendo sites pornográficos. A tentação é enorme e a facilidade é muito grande. Outros se enveredam pelos “chats” variados e acabam se complicando. Uma forma de adultério virtual é o que acontece com a pornografia oferecida pela internet. Quem busca uma satisfação sexual pela pornografia virtual está cometendo o pecado de adultério de coração, como explicou Jesus.

A atividade sexual virtual pela internet pode se transformar em vício; e o pior de tudo é que, muitas vezes, leva ao pecado da masturbação, fornicação, adultério ou mesmo uma vivência sexual pervertida com o cônjuge. Os “chats” se transformaram, para muitos, em um meio de viver um adultério virtual, “seguro” e barato.

O Catecismo da Igreja Católica é bem claro ao afirmar:

“A pornografia (…) ofende a castidade, porque desfigura o ato conjugal, doação íntima dos esposos entre si. Atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (atores, comerciantes e público), porque cada um se torna para o outro objeto de um prazer rudimentar e de um proveito ilícito. Mergulha uns e outros na ilusão de um modo artificial. É uma falta grave. As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos” (CIC § 2354).

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O que leva um homem ou uma mulher a buscar o adultério de coração pela internet?

Uma das razões pode ser a carência no relacionamento com o cônjuge, a falta de uma harmonia conjugal e, principalmente sexual. Numa situação dessa, se a pessoa não tem uma vida espiritual forte e permanente, facilmente pode enveredar pelo adultério virtual, pela pornografia e sites de conversas.

Jesus deixou-nos a receita básica para vencer qualquer pecado, também o adultério virtual: vigiai e orai. Estar sempre em estado de oração, com a alma sempre ligada a Deus, sempre suplicando ao Senhor o auxílio de Sua graça para não cair na tentação. “Não nos deixeis cair em tentação…”. “Mosca só assenta em prato frio”; então, não deixe sua alma esfriar pela falta de oração, comunhão, meditação da Palavra, oração do terço etc.

Em segundo lugar, é preciso vigiar. Fugir das ocasiões de pecado é uma fuga heroica. Se você não se controla diante da internet e do sexo virtual, então deixe de acessar a internet em seu computador ou celular, enquanto não aprender a se dominar. Ou, então, diante do computador, reze e prometa a Deus não acessar um site de pornografia ou de relacionamento perigoso por amor a Jesus, que, para salvá-lo, morreu na cruz. Só por amor a Deus podemos deixar de vez o pecado, nunca por medo d’Ele. Escreva sob a tela do monitor do seu computador: “Eu não vou pecar hoje, por amor a Jesus, pois Ele merece isso”.

E se eu cair?

Levante-se imediatamente. Não fique nem um minuto na lama do pecado. Peça perdão a Deus e prometa confessar-se tão logo seja possível. Sim, é importante a confissão, para que a graça divina lhe dê o perdão e a força para não voltar ao pecado de adultério virtual. O cristão tem que viver a castidade, porque é lei de Deus; e isso só será possível se fechar as janelas da alma (olhos, ouvidos, boca, nariz e mãos) para tudo o que o excita e traz o pecado para seu interior. Com a graça de Deus e a força de vontade, isso é possível.

Felipe Aquino

 

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino

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